quarta-feira, 21 de março de 2012

Obrigado ou obrigada?

"Obrigado(a)", no caso de agradecimento, é um adjetivo; portanto concorda em gênero e número com quem o locuciona.

Ex: Obrigado, disse o rapaz ao senhor que o ajudou. Obrigada, disse a mãe ao médico.

Sendo você mulher, dirá sempre "obrigada".

Essa palavra significa: ser devedor de algo a alguém ou sentir-se agradecido(a) a alguém por algo.

Note também que a resposta a um "obrigado" geralmente é, na língua informal, um "obrigado você". Pensando na significação descrita acima, estaríamos repassando novamente a obrigação à pessoa que acaba de nos agradecer. Melhor será um "por nada" ou "não há de quê". Caso queiramos usar o "obrigado", digamos então: "obrigado eu" ou “obrigado a você". Sempre lembrando que o adjetivo se flexiona em gênero e número.

Devanir Nunes - Fonte: http://br.answers.yahoo.com

É muito bom quando escrevemos algo e recebemos um feedback, isto é, um retorno de um dos leitores, seja para elogiar, comentar, questionar ou até mesmo criticar.

Quem faz isso com alguma frequência - não o criticar, mas as outras três coisas-, e sempre com uma boa motivação é a Sandra Mara, a quem envio um beijo carinhoso de agradecimento por seus incentivadores comentários.

No boletim (da IPJ-Igreja Presbiteriana de Jacarepaguá) de 27/6/10 foi inserido um quadro que tentava explicar a forma correta de homens e mulheres agradecerem. E terminava com a frase: "Sempre lembrando que o adjetivo se flexiona em gênero e número".

Sandra achou estranho, pois não soava bem falar "obrigados". Na hora concordei, e ponderei que talvez aquela frase fosse desnecessária naquele contexto.

Mas não!

Como prometi, pesquisei, e encontrei o texto abaixo, que mostra que o adjetivo obrigado pode, sim, flexionar-se em gênero e número.

Fonte: http://jornal.valeparaibano.com.br/2002/10/10/viv01/inculta.html (pela expressão "inculta", para os amantes do idioma, já dá pra identificar o Autor (é, aqui acho justificável o A maiúsculo). Se não identificou, verá no final.

Gramática: 'Obrigados nós'

Uma das questões que mais intrigam os leitores é a do agradecimento.

São José dos Campos, madrugada de domingo, controle remoto à mão, caio no 'Altas Horas', em que cantam Caetano Veloso e Jorge Mautner. Terminada a apresentação, Serginho Groisman agradece: 'Obrigado!'. Incontinenti, Caetano responde, em seu nome e no de Mautner: 'Obrigados nós!'. E o autor da genial 'Vampiro' repete: 'Obrigados nós!'.

Eis aí uma das questões que mais intrigam os leitores: o agradecimento em português. Quem diz o quê? E como responde quem recebe o agradecimento?

Não faltam teorias 'estranhas' sobre o assunto. Uma delas (volta e meia alguém me pergunta se é verdadeira) diz que o agradecimento não depende de quem o faz, mas de quem o recebe. Sendo assim, dir-se-ia 'obrigado' a um homem e 'obrigada' a uma mulher. Esqueça isso.

Antes de entrar no mérito da questão, talvez seja bom lembrar que nossa forma de agradecer difere das de nossos irmãos neolatinos. Os italianos dizem 'grazie'; os espanhóis, 'gracias'; os franceses, 'merci' (que tem a mesma origem de 'mercê', que significa 'graça', 'favor', 'benefício').

E de onde vem o nosso 'obrigado'? Vem mesmo da ideia de obrigação, de sentir-se obrigado, de ficar obrigado (a alguém, por algo). Ao pé da letra, quem diz 'obrigado' assume a obrigação de retribuir o favor recebido.

Originariamente, 'obrigado' é o particípio de 'obrigar', mas, no caso, é usado como adjetivo, o que impõe sua concordância com o sexo do ser que faz o agradecimento, ou seja, que se sente 'obrigado' a retribuir o favor recebido.

Moral da história: um homem diz 'obrigado' (a quem quer que seja); uma mulher diz 'obrigada' (a quem quer que seja).

E alguém que fala em seu nome e no de outrem? É aí que entra o caso de Caetano e Mautner. Caetano agradeceu em nome da dupla, por isso disse 'Obrigados nós!' ('Obrigados estamos nós!'; 'Obrigados ficamos nós!'; 'Obrigados sentimo-nos nós!' etc.).

E se uma mulher agradecesse em seu nome e no de outras mulheres? Diria 'Obrigadas!'.

Bem, essa é a teoria, não raro posta em prática, como atestam o exemplo de Caetano, o de Mautner e o de muitas pessoas que, quando falam em seu próprio nome, dizem 'Obrigado/a!', 'Muito obrigado/a' ou 'Obrigado/a eu!'.

O fato é que, no singular, 'obrigado' (dito por um homem) e 'obrigada' (dito por uma mulher) não causam estranheza, o que talvez não se possa dizer do plural. Alguém que fizesse um discurso em nome de um grupo, que dissesse 'nós isso', 'nós aquilo', 'nós aquilo outro' e que terminasse com algo como 'Só nos resta dizer 'muito obrigados' a todos os que...' provavelmente surpreenderia boa parte da plateia.

Talvez seja por isso que o professor Celso Luft faz esta observação: 'A própria insistência em alertar para essa regra de concordância prova que a invariabilidade é frequente, usual: 'Muito obrigado, querido'; 'Vamos bem, obrigado'. Trata-se, neste caso, de expressão interjetiva, invariável.'.

Em linguagem culta, no entanto (como diz o próprio Luft, em dezenas de situações semelhantes), convém usar a forma originária, o que implica fazer a concordância de 'obrigado' com o sexo do ser que agradece. É isso.

Pasquale Cipro Neto escreve nesta coluna às quintas-feiras.

Devanir Nunes
ultima-flor-do-lacio.blogspot.com.br

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